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Como os vieses inconscientes afetam as organizações

por Marcelo Braga
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Todos os dias precisamos lidar com um grande volume de informações. Os vieses inconscientes são mecanismos criados pelo nosso cérebro que funcionam como atalhos para conseguirmos entender tudo o que chega até nós, categorizando essa montanha de dados em padrões para ser capaz de entregar respostas mais rápidas. 
 
Esse mecanismo não é necessariamente negativo: tem sua importância na nossa vida. No entanto, tomar decisões com base apenas em vieses inconscientes é prejudicial, pois as informações costumam vir de modo incompleto, impreciso e preconceituoso em diversas ocasiões. O que pode levar a muitas decisões distorcidas na vida e no ambiente de trabalho. 


 Por isso é preciso entender como minimizar tais vieses inconscientes no seu processo de decisão. Algo que é importante na construção de uma equipe diversa de alta qualidade. 

O que é e quais são os vieses inconscientes? 

Eles são as tendências de um indivíduo sobre algo, alguém ou ideia desconhecida e são baseados na nossa história de vida. É construído a partir de tudo aquilo que passamos ao longo do tempo e é o que forma nossos prejulgamentos e preconceitos.  
 
Esses vieses costumam ser, na prática, generalizações estereotipadas. De grupos raciais, étnicos, classes sociais, orientações sexuais, entre outros. E acontecem, pois, costumamos agir de forma associativa, julgando inconscientemente com base nas nossas vivências. Sem que a gente perceba e sem nosso consentimento. 
 
Para o psicólogo e vencedor do prêmio Nobel Daniel Kahneman, esse pensamento rápido e automatizado foi um dos fatores que contribuíram para nossa sobrevivência. No entanto, esse mesmo mecanismo também nos leva a ter raciocínios deliberados e a tomada de decisões muitas vezes equivocadas. 

Há muitos tipos de vieses inconsciente e todos eles são igualmente danosos, pois aparecem e afetam a tomada de decisão de diversos setores dentro de uma organização. 

Abaixo, destacaremos alguns dos mais comuns:


Viés de afinidade

Um dos vieses mais comuns refere-se a preferência de um indivíduo por pessoas que sejam parecidas com ele em relação a aparência, religião, atitudes, história de vida similar, entre outros. Isso faz com que avaliemos melhor pessoas que tenham características em comum conosco.

No mundo corporativo, é bastante comum que os gestores escolham os colaboradores com que mais se identificam – seja por terem a mesma formação, por acreditarem nas mesmas coisas, com o mesmo estilo de liderança -ao invés de analisarem com criticidade as informações que deveriam embasar decisões.

Viés do estereótipo

O viés do estereótipo diz respeito aos julgamentos que um individuo de um determinado grupo faz de indivíduos de outros grupos sociais com base em generalizações e reducionismos e não nas qualidades e características da pessoa em si.

Infelizmente, esse viés se faz bastante presente no mercado de trabalho e é percebido com alguma facilidade. Um exemplo claro disso é quando se exclui a possibilidade de contratação de um homem para uma posição que exige cuidado e sensibilidade ou a de uma mulher para posições que exijam força física. São decisões tomadas com base na generalização que se faz de que todas as mulheres são cuidadosas e afetuosas e que todos os homens são fortes.

Viés de maternidade

Esse é um viés relacionado ao julgamento feito sobre as mulheres que se tornam mães e que as prejudicam constantemente no mercado de trabalho. É o preconceito de que a maternidade afeta a produtividade da mulher, incluindo sua capacidade de comprometimento.

Um exemplo claro disso é quando, durante um processo seletivo, algumas empresas perguntam se uma mulher deseja ter filhos e avaliam negativamente o perfil caso a resposta seja positiva ou quando a mulher tem uma promoção a cargos mais altos adiada ou negada por conta dos filhos.

Viés de confirmação

Esse viés é aquele que nos induz a buscar automaticamente por fatos e fatores que confirmem nossas crenças pré-estabelecidas ao invés de levar em consideração informações relevantes.

É comum no meio corporativo que candidatos que estiveram em vários empregos por um curto período de tempo tenham seus currículos rejeitados, pois existe a crença de que um candidato com esse perfil seja pouco comprometido.

Viés de grupo

O viés de grupo é aquele que caracteriza a tendência do indivíduo de seguir um comportamento padrão definido pelo grupo no qual está inserido. Muitas vezes, por conta do receio da negação e do isolamento caso assuma posições divergentes da definida pelo grupo, a pessoa acaba sendo conivente com o pensamento/opinião da maioria, ainda que ela discorde desse pensamento/opinião.

É importante frisar que existem muitos outros tipos de vieses inconscientes e que todos nós os carregamos, bem como estamos suscetíveis a eles o tempo inteiro. Ao ter ciência da sua existência, no entanto, podemos nos preparar para mitigar seus efeitos. 

Como lidar com os vieses inconscientes

Essa costuma ser uma missão difícil pois envolve tomar uma atitude não tão usual: admitir a existência desse problema e encará-lo honestamente. Mas a partir do momento que esse passo é dado, torna-se possível lidar com eles, pois tal atitude facilita a identificação deles em nós e dentro da equipe.
 
Não estamos falando de eliminar os vieses inconscientes, pois tal missão é impossível. Existem, porém, ações práticas para evitar que seus efeitos sejam um fator nos processos de decisão das organizações. 
 
Uma delas é a implementação de programas de diversidade na sua empresa. Treinamento dos colaboradores, a oferta de cursos e workshops voltados ao tema. Ou ainda a proposição de dinâmicas para a desconstrução de crenças arraigadas. É preciso sair da zona de conforto para impedir os vieses inconscientes. 
 
Outro fator para isso – e que deve começar pelas lideranças – é o hábito de questionar os padrões estabelecidos pela sociedade. Os líderes devem servir como exemplo para a mudança de paradigma nas empresas e na construção de uma cultura organizacional sólida para discutir e renegar esses vieses inconscientes. 
 
É importante mencionar também que vivemos em uma era digital e a tecnologia pode ajudar nessa missão.  
 
Considerar a digitalização do recrutamento, apostando na utilização de métodos e abordagens inovadoras para selecionar os candidatos mais adequados ao perfil da vaga e da empresa pode ser preponderante para minimizar os efeitos dos vieses inconscientes nas contratações. Deixando suas contratações mais eficientes e assertivas ao longo do tempo. 
 
Também é válido olhar com carinho para a utilização de softwares de análise comportamental, tanto na hora de realizar contratações quanto para a realização de avaliações de desempenho dos seus colaboradores.  
 
Soluções como o DOM, ferramenta de análise capaz de prover indicadores assertivos sobre o perfil comportamental da sua equipe, facilita uma avaliação baseada em dados tangíveis ao invés dos vieses. 
 
Os vieses inconscientes fazem parte de todos nós. Não há muito o que fazer sobre isso. Mas através de esforço e com auxílio da tecnologia, podemos minimizar seu impacto nas nossas decisões. Permitindo que o setor de RH – e o ambiente de trabalho, como um todo – possa ser mais eficiente. 

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