Recrutar nunca foi fácil — e exige inúmeros processos, telefonemas e burocracia. Havia, porém, uma fórmula para o recrutamento em massa: check list de habilidades técnicas desejadas, triagem manual de currículos e a entrevista com as melhores combinações. Diploma e MBA eram filtros incontestes. Havia também clareza sobre qual departamento o profissional se encaixaria—quem seria o gestor dele e quais pessoas ele iria chefiar. As novas tecnologias (com todos os avanços, novas demandas e robôs) quebraram essa lógica. “Antigamente, se você errasse dava para corrigir com mais tranquilidade. Agora, ao errar a contratação, o impacto é crítico porque seu concorrente avançou mais rápido”, diz Robert Wong, headhunter da Havik.
Para o mundo do trabalho em squads, da metodologia ágil, que já convive com robôs que fazem até parkour, as habilidades comportamentais tornaram-se um imperativo. É preciso aliar criatividade, liderança, resolução de problemas complexos às novas competências técnicas. Mas como medir essa combinação no “novo profissional multidisciplinar” e atrair talentos com diversidade são desafios para os RHs?
“O número de novas profissões aumentou significativamente e as ‘fórmulas’ ficaram defasadas. Para complicar, 25% dos formandos nas principais universidades brasileiras nem se candidatam a estagiar ou a programas de trainee em grandes corporações”, diz Marcelo Braga, CEO da Reachr, empresa que usa inteligência artificial para auxiliar o RH de empresas.
A Reachr atua dentro do campo das HRTechs, startups que prometem usar tecnologia para refinar o processo de triagem dos candidatos e deixar o “lado humano” do RH com mais tempo para avaliação da combinação das competências exigidas naquela vaga. Essas empresas, que trabalham para as grandes corporações, veem o RH com uma função mais ativa, que usa menos um banco de talentos e sai mais em busca do “candidato ideal”. “A tecnologia pode auxiliar em duas frentes. A primeira é na coleta de perfis: dá para ter informações de perfil de milhares e até milhões de pessoas de maneira rápida e barata”, diz Thaylan Toth, head de RH da Stone. “No lado do processamento, pode ajudar a identificar todas essas combinações de características e nuances que um ser humano tem dificuldades de processar.”
Matéria por: Época Negócios