Home RHAtração e Retenção A nova costura do talento: como a indústria têxtil enfrenta o desafio de contratar na era digital

A nova costura do talento: como a indústria têxtil enfrenta o desafio de contratar na era digital

por Vanessa San Jorge
Recrutamento e selção no setor têxtil

Texto criado para a edição 791 da Revista Têxtil. Publicados na página 10 e 11

A indústria têxtil brasileira vive um momento de aquecimento. Impulsionada por políticas de reindustrialização, aumento das exportações e investimentos em inovação, o setor se vê em expansão. No entanto, um problema estrutural surge com força: a dificuldade em encontrar profissionais para acompanhar esse ritmo — capacitados ou não.

De acordo com dados da ABIT, são mais de 1,3 milhão de empregos diretos no setor. No entanto, a digitalização acelerada dos processos produtivos e logísticos exige novas competências — e elas nem sempre estão disponíveis com a velocidade necessária. A falta de mão de obra tornou-se um entrave real para o crescimento. Empresas relatam dificuldades crescentes de contratação, sendo a escassez de profissionais o principal motivo citado, seguido pela falta de qualificação técnica.

Além disso, é cada vez mais comum ouvir que profissionais foram perdidos para outros setores, e que o absenteísmo tem aumentado, agravando a instabilidade nos quadros produtivos.


Nova geração, novos critérios

A entrada da Geração Z no mercado trouxe um novo olhar sobre o trabalho. Jovens profissionais não enxergam mais a estabilidade como uma vantagem. Buscam propósito, flexibilidade, diversidade — valores que muitas vezes colidem com culturas organizacionais mais tradicionais.

O modelo híbrido, por exemplo, ainda não é amplamente adotado no setor, o que gera barreiras para atrair esta nova geração. Soma-se a isso o desalinhamento na comunicação: a nova geração prefere interações digitais, sociais e rápidas — nem sempre compatíveis com as práticas industriais. Esse descompasso na linguagem e nas expectativas dificulta a conexão entre empresa e candidato desde o início do processo.


Concorrência além do setor

O desafio não é apenas interno. A indústria têxtil disputa talentos com setores como varejo, automotivo, tecnologia e logística. Muitos profissionais migraram para áreas em ascensão ou optaram pelo microempreendedorismo, em busca de autonomia.

Esse movimento exige que as empresas têxteis repensem sua proposta de valor. Não é mais possível atrair com os mesmos argumentos de sempre, com o mesmo processo de recrutamento & seleção. Problemas complexos como a escassez de talentos não se resolvem com soluções simplistas.


Recrutar virou uma ciência omnichannel

Atrair candidatos exige presença em múltiplos canais: redes sociais, job boards, indicações, bancos de currículos, escolas técnicas, universidades, ONGs e comunidades nichadas. Também exige fortalecer a marca empregadora, posicionando a empresa como um lugar desejável para se trabalhar.

Esse modelo omnichannel transforma o recrutamento em um funil de vendas — cada etapa precisa ser pensada estrategicamente, do primeiro contato até o fechamento da vaga. A tecnologia torna-se essencial nesse processo.


Inteligência artificial como ponte

Ferramentas baseadas em inteligência artificial (IA) já automatizam triagens, testes online, entrevistas gravadas e comunicações. Também cruzam dados técnicos e comportamentais, identificando o fit ideal entre candidatos e vagas.

Além da agilidade, essas soluções respeitam a jornada do candidato, garantindo retorno — mesmo negativo — e operando em conformidade com a LGPD.

O futuro do recrutamento e seleção, portanto, está na combinação da IA com o fator humano. A tecnologia pode automatizar tarefas, fornecer dados e insights, mas é o recrutador que toma as decisões finais.

Essa parceria entre homem e máquina tem o potencial de revolucionar o mercado de trabalho, tornando o processo de recrutamento e seleção mais eficaz e justo, sem perder a humanização.


Iniciativas colaborativas ganham força

Frente a esse cenário, o setor têxtil responde de forma coordenada. Um exemplo é a plataforma Chance, desenvolvida pela ABIT, Sinditêxtil e a HRTech Reachr. Criada especialmente para o setor, ela unifica canais de atração, triagem com IA, avaliações comportamentais e gestão de dados.

“Criamos a Chance pensando em uma solução que conversasse com as necessidades reais das empresas do nosso setor. Sabemos que o desafio da contratação é coletivo, por isso reunimos tecnologia e inteligência de mercado com a expertise da ABIT e do Sinditêxtil para entregar uma ferramenta que faz sentido para a indústria”, afirma Vanessa San Jorge, cofundadora da Reachr.


Costurando o futuro com pessoas

Contratar não é mais tarefa operacional. Hoje, é uma pauta que envolve estratégia omni-channel para atração de candidatos, selecionar pessoas de forma a criar times diversos, motivados e preparados para os desafios de um mercado dinâmico. É ter uma marca empregadora forte que conversa constantemente com sua base de candidatos. É ter uma gestão de dados e indicadores que apoiem a gestão e tomada de decisões sobre pessoas.

Para isto as empresas precisam ganhar relevância e competitividade com um processo de recrutamento estratégico e eficaz. Unir empatia e tecnologia, dados e propósito.

O futuro do trabalho já está sendo tecido — e ele exigirá das indústrias precisão, leveza e inovação em cada ponto.

sistema de recrutamento e seleção apra o setor têxtil

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